Negro adágio
Negro adágio
Sandra Ravanini
As vozes; tênue coro de sóis sem vida,
vestidos de negro, desde sempre os vi assim,
exorcizando os sonhos meus, cantando a mim
o adágio final, minha ode à despedida.
Espero-te no espelho desta loucura,
olhando a tua sombria imagem desolada;
espero-me na solidão da alma maquiada
que habita o insano ego das nossas juras.
Negro adágio ecoando desde todo o sempre,
alazarando esta tênue eternidade
vestida de solidão, um espelho sem vaidade,
olhando estes olhos em sonhos plangentes.
Aquelas vozes sombrias jurando para mim
que a imagem desolada, vestindo negro,
entoa os sonhos maquiados do insano enredo
da alma do espelho adagiando a nota do fim.
03-05-2011