Desvelo
O medo possuo a tudo que vos tenho,
A tudo que pertenço, que possuis,
Que por consagração dos céus azuis
Tens por vosso meu peito, riso e cenho.
Em teu louvor, Fortuna, vo-la empenho,
E empenho também o que sou, que fui,
As odes do amor das trevas à luz,
Do suor ao pecado, todo o engenho.
Ainda hoje hás de ver o sol,
Hás de ver, Senhora, a lisa Aurora
Desvelar-nos o celeste farol.
E por onde andais, por onde pisais,
Haverás tu de lembrar de uma outrora...
Do Sol que vai, e que não volta mais.
Por: Felipe D'Castro