Versos Que Prefiro
Não quero filosofia.
Quero poesia.
Versos de encantamento
de amores de momento
ou de atracação.
Versos que falem
da noite, do dia,
de amanheceres,
de mares encapelados,
dias cinzentos
e luar prateado.
Versos que falem
da solidão que angustia,
dos sonhos e fantasias
que há nos céus encobertos
e caminhos de contramão.
Versos que falem
da entrega, da paixão,
das alcovas arredias,
de maças, do vinho,
lençóis em desalinho
e o milagre da germinação.
versos que falem
dos ventos fortes,
das brisas suaves,
penetrando as entranhas
da imaginação.
Versos que falem
das flores, das dores,
de abandonos,
dos encontros e desencontros,
de idas e vindas.
Versos que falem
de águas correntes,
de fontes perenes
e tranqüilos lagos.
Águas que lavam
corpo e alma.
Versos que cantem
uma sonora melodia,
na mais profunda harmonia,
afugentando a tristeza,
enlevando mentes
e corações.
Versos que falem
das coisas mais simples.
Do dia a dia,
de uma mesa posta
e das vozes que anunciam
uma reunião de família.
Não quero filosofia.
Prefiro os versos
que rasgam as veias
e sangram os dias.