Saída pela porta dos fundos (ou) Um epílogo pessoano

Aí quando eu messento,

A ideia messome.

Diluisse loucamente esfumaçante,

Fazendo com que eu apenas assista

Aos carros e à doença

Correrem livremente sob meus olhos.

E levo (sim) a mão ao queixo,

Como fosse um pensador.

E procuro pensar e dar forma

Ao conteúdo, enquanto ele me escorrega

Fácil e enjambemante.

Sim.

Procuro o sentido no som do trem

Atrás.

No gay

De mãos dadas com a bunduda.

Não. E não posso perder este

Instante, porque ele existe.

E sou mais mulher. Um devir. Meu dever.

Não posso perderme do lance

Que me consome e assola, na mesma medida

Em que odeio clarice e que transfiguro o

Indizível.

Chego num ponto donde não sei como sair,

Nem se dizer sim. Sei o que não sei.

Mesmo sem perceber o momento de consciência.

Então eu que sou e discorro e transcorro

Por intermédio da urgência da voz e Expedito

Sou nada além das palavras insuportavelmente mudas;

Sem vírgulas. Sem mim.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 03/05/2011
Reeditado em 03/05/2011
Código do texto: T2946231
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