Sábado de trampo

outro sábado

acordo irritado

dando patada

em que estiver

pela frente

lanço dois gritos

dentro do banheiro

espanto os fantasmas

do meu pesadelo

um beijo de despedida

na flor que amo

um gracejo e

sigo pela rua

de terra vermelha

acompanhado por nuvens

que não são de poeira

porém envolvem

conduzem os passos

até o ponto final

ínicio de sofrimento

embarco no bonde

ainda sonolento

enebriado pelo cheiro

que vem de dentro

alguma criança

estômago embrulhado

sem poder resistir

ao sacolejo

do contrapasso

fez um estrago

nesta hora

queria fugir dali

bateu uma saudade

da minha mãe

do meu barraco

só mesmo ela

pra curar meu porre

me sacode

mi acode

ta em casa

relaxa que do chão não passa

desço do bau ligeiro

subo na seguencia

noutro catapobre

tirando o motorista e o cobrador

aqui só tem passageiro

uns acreditando em outra vida

alguns pensado na que foi perdida

mais um atrasso pra lista

toca a campanhia ingrata

acorda batista

entrou de gaiato para rimar

expreme o cerebelo

até encontrar

a forma apropriada

que melhor lhe venderá.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 18/11/2006
Reeditado em 18/11/2006
Código do texto: T294618