ANTINORMAL

Nada é antinormal,

tudo normal,

o achar normal, corriqueiro,

teus dramas, nossos medos

dura realidade.

Crueldade?

Quem diria que eu, que tu

que ele e que nós

Existiríamos aqui?

Pois nada é antinormal,

tua inefável devassidão,

nossa imponderável imoralidade,

aquele corpo que jaz na calçada.

O que foi produzido por nós

senão a liberdade esvaída entre os dedos

pelos nossos medos, pela tonitruante

condenação eclesiástica,

pela indistinta aceitação

de nossas personas?

Antinormal,

não faz mal, se forem duas

as vidas vividas, intensas,

no plenilúnio de nossas paixões.