De pensar morreu um burro

Como acaba

a inspiração rompante?

Se vai num instante.

E de pensar, morreu um burro

Diz o ditado popular

Talvez, então,

estou prestes a morrer.

Penso e penso

num poema pretenso

Mas o que sai?

Somente o desabafo

de quem aperta o laço

para as palavras brotarem.

Se a inspiração poética

Fosse tão milimétrica

rotineira

como a inspiração do ar,

seria mais fácil poetar.

E assim,

juntando letras

como formigas pretas no fundo branco,

deságuo em você meu pranto

de ter acabado a inspiração

não do ar,

mas do poema e sua perfeição.

Alma Collins
Enviado por Alma Collins em 18/11/2006
Código do texto: T294486