Barba

O espelho

que tudo

reflete,

balança no

prego torto.

Prisioneiro naquele

retângulo embaçado,

vejo que a idade só

mostra

o que está atrás

das minhas costas.

A vida que vivi

atrás dos meus ombros,

vestutos escombros.

À frente só vejo

que minha barba

está branca.

Alva e calva

redesenharam

o que ainda

penso ser.

Cada sulco no rosto

foi semeado de dor,

frustração

e desamor.

Mas um brilho insistente

reconta algumas

vitórias:

certos amores certos,

os momentos de fúrias

e as calmas dos desertos

despertos.

O rosto que vejo,

conta minha história.

O resto,

fugiu da memória.