Ardente.

Tiveste desta paz que inda te vende

A falta que semeia tua peste

O fogo que incendeia tua veste;

Inferno contumaz que inda te prende.

Quiseste ser capaz e não entende,

Que de uma vida e meia que tiveste

Ardendo tanto alheia quanto agreste,

De um gozo tão voraz que não se rende.

A sombra de um fervor feroz exalta

A pele quer arder nas profundezas

A língua traz sabor da fome incauta,

Na sede que divaga nas surpresas;

À míngua, no querer, sem mais te assalta

Na chama que te traga, sempre acesa.