Dentes de caixão

A monotonia dos deitados,

Dos que estão no fundo.

Nos buracos, vivem ilhados.

De barro é esse mundo.

Vejo, ainda, boca banguela

A esperar dentes de caixão.

A vida sempre numa tigela:

Num dia entorna, noutro não.

Não adianta ao pobre reclamar da sorte

Ou ao rico engordar com paixão:

Sempre chega a hora do corte!

Muitos rostos pequenos vejo

Das ex-vidas que me perguntarão:

- Quanto tempo até o cortejo?

Paulo Fernando Pinheiro
Enviado por Paulo Fernando Pinheiro em 29/04/2011
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