Dentes de caixão
A monotonia dos deitados,
Dos que estão no fundo.
Nos buracos, vivem ilhados.
De barro é esse mundo.
Vejo, ainda, boca banguela
A esperar dentes de caixão.
A vida sempre numa tigela:
Num dia entorna, noutro não.
Não adianta ao pobre reclamar da sorte
Ou ao rico engordar com paixão:
Sempre chega a hora do corte!
Muitos rostos pequenos vejo
Das ex-vidas que me perguntarão:
- Quanto tempo até o cortejo?