Exílio no inferno congelado

O inferno congelado onde exilei

o fabricante de valsas se prolonga

noite e solidão adentro, onde apenas

os cisnes morrentes vêm cantar.

Os presentes o convidaram a falar,

e escutando ficaram por décadas,

como esculturas de gelo e cromo.

Até que supreendidos,

pela revoada de mais cisnes morrentes,

despertaram ante o inacreditável da criação.

Podem-se ver rostos refletidos no gelo,

podem-se ver os cães devorando carcaças,

onde o sangue mancha e neve,

E onde a voz não ecoa.

Onde o sol nasce do lado contrário,

e onde a noite é mais imperfeita.

O canto do fabricante de valsas,

é mero engodo e elemento de cena,

para ouvidos que condenados sem saberem,

aceitam de bom grado a imitação barata,

de uma música perfeita criada por Deus.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 17/11/2006
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