Parnaso em Fúria
Ser poeta, é ser necrófago das almas,
E encontrar em cada epitáfio maldito
As tumbas mórbidas dos órgãos afroditos
E a vida morta na quietude das palmas.
Vida passa, morte fica, resta-lhe o trauma
Na branquidão dos pelos, dos ares, do indito,
E lá, onde se mortifica o infinito,
Está o poeta, criptografando a sua calma.
Avulso, perde-se à lógica fisiológica,
E o mártir das desilusões fraqueia em cena,
Numa débil batalha alfabetológica,
Tomado por uma morta ira que lhe escorre,
A pena lhe cai... sobre ele cai a pena...
Vive. Que poeta só vive quando morre.
Por: Felipe D'Castro