Parnaso em Fúria

Ser poeta, é ser necrófago das almas,

E encontrar em cada epitáfio maldito

As tumbas mórbidas dos órgãos afroditos

E a vida morta na quietude das palmas.

Vida passa, morte fica, resta-lhe o trauma

Na branquidão dos pelos, dos ares, do indito,

E lá, onde se mortifica o infinito,

Está o poeta, criptografando a sua calma.

Avulso, perde-se à lógica fisiológica,

E o mártir das desilusões fraqueia em cena,

Numa débil batalha alfabetológica,

Tomado por uma morta ira que lhe escorre,

A pena lhe cai... sobre ele cai a pena...

Vive. Que poeta só vive quando morre.

Por: Felipe D'Castro

Pés Descalços
Enviado por Pés Descalços em 28/04/2011
Código do texto: T2937138
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