A um desconhecido (Walt Whitman)

Transeunte desconhecido! Não sabes quão apreensivo te acompanho com os olhos,

Tú! hás de ser aquele que busquei, ou aquela que busquei (tudo me vem à mente como em sonho)

Nalgures eu hei vivido, decerto, uma vida feliz contigo,

Tudo é tal uma memória de nós, lado a lado, adejando, fluida, afetiva, casta, amadurecida,

Cresceste junto a mim, como desde menino ou como desde menina,

Comemos à mesma mesa, dormimos na mesma cama, teu corpo se tornou mais do que teu, e o meu, mais do que o meu,

Tú! me dás o prazer de teus olhos teus, rosto, pele, e enquanto caminhamos tocas minha barba, peito e mãos, por tua vez,

Devo não falar-te, todavia, devo pensar-te quando me sento só ou desperto só de madrugada,

Devo aguardar-te, todavia; não consigo duvidar do nosso reencontro,

Devo me precaver, todavia, e não perder a chance. E não te perder de novo.

Danilo da Costa Leite
Enviado por Danilo da Costa Leite em 28/04/2011
Reeditado em 03/05/2011
Código do texto: T2936625
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