Comunhão
Este é o meu corpo
Que será entregue a todo olho
E dito em toda língua.
Será regurgitado e mastigado.
Murmurado em breves sussurros
Envergonhados e rubros
De meu sangue que pinta e transfigura,
Ao escorrer da ideiajunta.
A branca tez que me absorve
Afogarasse no vinho barato
Que de minhas veias ferve
Feito a verve que não julgo
E que não sei se existe.
Sei que existo, no momento em que canto.
E que não tenho sentido ou chave,
Seja visto deste ou daqueles cantos.
Vivo intocável e possível na inexistência,
Sobrando framemente da seletiva estrutura
Caligráfica e limitada que permite, projeta e parte
No contato com os olhos; no instante em que se fala.