Gaiola
Deixei a gaiola aberta.
Depois de trocar a água, a comida do cocho,
Deixei a portinha presa
E me fui...
Quando voltei
E vi que havia deixado a porta entreaberta,
Num segundo, vasculhei os poleiros.
Meu curió não fugiu.
Seguiu sua vida mesma de todos os dias:
Comer, pular, cantar.
Ele não viu!
Não viu que agora era livre.
Ele não viu!
Sua liberdade estava ali dentro.
Fechei a porta
E vi espelhar, em mim,
O brilho do seu bico.
Ele me olhou
E seu pio ecoou para sempre...