((((:::::PERNOITANDO:::::))))

Perdura uma calma de espanto,

feita também de folhas e de nada.

Desse tempo mais distante que a própria distância

Pela janela vazia - a noite nas colinas

frescas e negras, e espantava-se de as ver assim

vaga e límpida imobilidade.

Entre a folhagem que sussurrava na escuridão,

onde todas as coisas do dia são chamadas por paixão,

eram nítidas e mortas e a vida era outra, de vento, de céu,

e de folhas e de coisa nenhuma.

Às vezes regressa a imóvel calma

daquele viver absorto, na luz assombrada.

escuto o rumor da terra molhada

a fala queimada das estrelas

é noite ainda, o corpo ausente instala-se vagarosamente

envelheço com a nómada solidão

já não possuo a brancura oculta das palavras

Bem sei por quem me tomas, razão e emoção.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 27/04/2011
Código do texto: T2935181
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