Choveu Mais Uma Vez Numa Tarde de Terça-Feira

Cerram-se os céus, cobertos com o mais puro vapor negro

Voam e foram-se as folhas repousando longe demais

Braços vivos de madeira acenam uns para os outros

O que é aquilo? Corta o ar como uma tesoura o pardal

Daqui ela vê os montes, eles não recebem a luz do sol

Sinta as mãos do vento úmido tocarem teu rosto

Ouça... pode ouvir estas mãos em movimento?

De repente um clarão onde estaria mais um crepúsculo

E após o susto, há um momento de iminência

Para nos prevenir do irreversível estrondo

Ela já ouve ao longe, em cima dos vegetais a primeira gota

E depois outra, e mais outra, e mais outra... sem parar

A terra é banhada por milhares de gotas por segundo

Pois choveu mais uma vez numa tarde de terça-feira