VELHO INGAZEIRO ( * )

Quando olho, lá na beira do curral

Na fazenda, onde nasci e fui criado

Vejo um grande ingazeiro,

Esse ingazeiro traz lembranças do passado.

O quanto brinquei na sombra daquela árvore

Eu era criança, ingazeiro já existia

Quanta gangorra, no meu tempo de criança

Naquela sobra gostosa, que o ingazeiro fazia.

Fui crescendo, sempre o ingazeiro contemplando,

Veio à mocidade, minha infância se foi

Trabalhando na fazenda, aprendi a carrear

Na sombra do ingazeiro, guardava o carro de boi.

Na sombra do ingazeiro, a boiada descansava

Velho ingazeiro, quanta saudade traz

Na sua sombra saudosa, com a cabocla amorosa

Troquei amor e carinho, no meu tempo de rapaz.

Velho ingazeiro, quanta saudade retrata

Você existe, mas muita coisa mudou

Já não tenho a boiada, o carro se acabou

Só mesmo sua beleza com a força da natureza

Cada dia aumentou.

Hô!... Ingazeiro, como você é amigo

Dos passarinhos, o abrigo

No pensamento saudade

Na minha vida é poesia

Lembrança e felicidade.

Comentário:

No sítio, a gente vivia aquela vidinha humilde, mas prá gente era uma maravilha. Ali era o recanto dos passarinhos, tico-tico, joão de barro, beija-flor, sanhaço, tucanos, rolinha, juriti, anú, sabiá e muitos outros. Canarinhos, eram muitos, quando ia peneirar arroz limpo no pilão, no farelo podia contar uns cinqüenta. E hoje, hein? Foram todos para as gaiolas. Na beira do curral um grande ingazeiro com aquela sobra maravilhosa. Sei que cada um de nós temos uma arvore de recordações em nossas vidas. Seja no tempo de infância, adolescência e até mesmo depois de adultos. No meu caso aquele ingazeiro representa recordações, enfim uma história no dia a dia. A quem eu dediquei o poema.

* A referida poesia é de autoria de ( Manoel da Silveira Corrêa - conhecido em Vazante-MG como: Manoel da Tunica). Disponível em: http://rogerioscorrea.blogspot.com