Poesia da minha vida.
Eu poderia fazer a poesia da minha vida
Em versos da felicidade,
Como de fato o fiz,
Deveras o fiz.
Onde as primaveras
Caiam em tardes douradas,
Onde os caminhos eram botões de rosas
Recém desabrochadas,
Em corredores encobertos
Por pétalas da flor-de-lis,
Ah, eu poderia ser feliz, muito feliz.
No entanto
A poesia da minha vida,
Não possui esse encanto
Entretanto,
A poesia que me segue
Desde muito tempo
É de pranto,
Só possui um recanto
P’ra deitar,
Postados em magros versos
Que me soltam dos dedos rotos
Cansados,
De mãos vazias,
Que não entendem,
Que não poderia,
Como de fato pôde
Criar tardes primaveris
Luzentes em campos vermelhos de rosas.
Ah, mas ao espremer o coração.
Com as mãos,
Minh’alma escorre pelos
Quebradiços ossos.
Caindo posto n’uma folha em branco
Manchando em salgadas lágrimas
Com a poesia da minha vida.
Ah, poesia onde me encontro.