morre-se

Morre o portão

A janela

Morre tudo...

Até meu peito tantas vezes morre

De fome, de desejo também se morre

De ter amado com gulodiça

De ter esperado em demasia

Morre com razão

E mesmo sem razão

Morre porque é vivo

Porque arde

Pula

Dói

De tristeza ou de secura

De asma, foi assim com seu Gerson

Ou de fome, como Ananias

Morre de saudade como a mulher de seu Caroba

Alguns morrem jovem

Os velhos de cansaço

Mulheres traídas morrem um pouco também...

As flores duram pouco

O sol dura um dia

As estrelas uma noite

Amizades esfriam como morte

Não importa como é

Nossa barca singra,

escorrendo para o fim.