Orquídea
E eu a percebi se abrindo
Rósea rosa.
Oferecida
Aberta
Me desejando.
Esperando.
Querendo me receber
Me recebeu.
Sentia à distância seu ferormônio,
fui atraído.
Guiado pelo olfato fui em sua busca.
Procurei.
A procurei
Encontrei.
Olhei excitado para suas pétalas abertas.
Para a saliência de seu ponto de prazer.
Não resisti,
Fui.
Avancei.
Acariciei
Fui ávido
Guloso
Lambi
Suguei
Mordi
Senti o sabor úmido de seu desejo.
Sentimos o sabor mútuo de nosso desejo.
A possuí.
Nos possuímos.
Ela, orgástica, fechava as pétalas me prendendo
Desejando prolongar ao máximo o prazer daquele momento.
Todo o ato se repetiu por algumas vezes
até que todo o prazer dela fosse exaurido.
Até que todo meu desejo fosse exaurido.
Nos deixamos.
Exausta,
Exausto.
Satisfeita,
satisfeito.
Saciada,
saciado.
Ela ficou imóvel
sonhadora
despetalada
machucada,
deflorada.
Fecundada.
Eu, mesmo saciado, ainda ávido, repeti o ato.
Faminto, novamente a possui.
Uma, duas, muitas vezes a possui.
Nos possuímos
E todas aquelas nossas posses se repetiram
E todas aquelas flores de orquídea
foram por mim possuídas e fecundadas.
E eu, besouro libidinoso,
fui presenteado por filhos de sêmen que não é meu.
Fui uma cegonha improvisada
veículo de amor entre androceu e gineceu.