Orquídea

E eu a percebi se abrindo

Rósea rosa.

Oferecida

Aberta

Me desejando.

Esperando.

Querendo me receber

Me recebeu.

Sentia à distância seu ferormônio,

fui atraído.

Guiado pelo olfato fui em sua busca.

Procurei.

A procurei

Encontrei.

Olhei excitado para suas pétalas abertas.

Para a saliência de seu ponto de prazer.

Não resisti,

Fui.

Avancei.

Acariciei

Fui ávido

Guloso

Lambi

Suguei

Mordi

Senti o sabor úmido de seu desejo.

Sentimos o sabor mútuo de nosso desejo.

A possuí.

Nos possuímos.

Ela, orgástica, fechava as pétalas me prendendo

Desejando prolongar ao máximo o prazer daquele momento.

Todo o ato se repetiu por algumas vezes

até que todo o prazer dela fosse exaurido.

Até que todo meu desejo fosse exaurido.

Nos deixamos.

Exausta,

Exausto.

Satisfeita,

satisfeito.

Saciada,

saciado.

Ela ficou imóvel

sonhadora

despetalada

machucada,

deflorada.

Fecundada.

Eu, mesmo saciado, ainda ávido, repeti o ato.

Faminto, novamente a possui.

Uma, duas, muitas vezes a possui.

Nos possuímos

E todas aquelas nossas posses se repetiram

E todas aquelas flores de orquídea

foram por mim possuídas e fecundadas.

E eu, besouro libidinoso,

fui presenteado por filhos de sêmen que não é meu.

Fui uma cegonha improvisada

veículo de amor entre androceu e gineceu.

RAIMUNDO CAMPOS
Enviado por RAIMUNDO CAMPOS em 27/04/2011
Reeditado em 28/04/2011
Código do texto: T2933714
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.