Pendurada

Ainda tenho o cheiro

Desfolhando flor da madrugada

O verso... a rima

A lágrima maltratada.

A noite não consome a dor

Lambuzando a face

Dessa coisa molhada.

Revirando a sombra

Pendurada feito morcego

Verticalizo o desassossego.

A cama se alinha a outra parede

Pra ver se ainda sobra algum canto

Em que possa guardar esse pranto.

Sei que uma palavra apenas

Pode verter lágrimas indefesas.

O amor deixa cair levemente

A dor que sente

Pois sabe que de onde emana

Aprisiona a razão da mente.

Uma plana ilusão

Espalhando os pés no chão.

Imagino o vento que desprende

Na facilidade da alvorada

Quando menos percebo

Tudo foi embora.

A primeira luz da manhã

A primeira estrela

Clareando abóboda celeste

A vida...o amor que engrandece.

Tenho paciência...

Menos condescendência

Isso de se acomodar a vontade alheia.

Aceito ser um grão de areia

Apenas uma partícula luminosa.

Só não quero por os olhos pra fora

Enquanto souber que o tempo

Ainda me apavora.

Lucinda
Enviado por Lucinda em 27/04/2011
Código do texto: T2933416
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