Pendurada
Ainda tenho o cheiro
Desfolhando flor da madrugada
O verso... a rima
A lágrima maltratada.
A noite não consome a dor
Lambuzando a face
Dessa coisa molhada.
Revirando a sombra
Pendurada feito morcego
Verticalizo o desassossego.
A cama se alinha a outra parede
Pra ver se ainda sobra algum canto
Em que possa guardar esse pranto.
Sei que uma palavra apenas
Pode verter lágrimas indefesas.
O amor deixa cair levemente
A dor que sente
Pois sabe que de onde emana
Aprisiona a razão da mente.
Uma plana ilusão
Espalhando os pés no chão.
Imagino o vento que desprende
Na facilidade da alvorada
Quando menos percebo
Tudo foi embora.
A primeira luz da manhã
A primeira estrela
Clareando abóboda celeste
A vida...o amor que engrandece.
Tenho paciência...
Menos condescendência
Isso de se acomodar a vontade alheia.
Aceito ser um grão de areia
Apenas uma partícula luminosa.
Só não quero por os olhos pra fora
Enquanto souber que o tempo
Ainda me apavora.