CARNE DA MINHA CARNE?
Passeio pela cidade
Motores em explosão
Olhos no movimento
Agitação louca
Comboios humanos
Latas endeusadas
Pobres nas calçadas
Homens de gravata
Em busca de caça
Lobos da cilada
Ladrões-cidadão na cidade enjaulada
Luzes de mercúrio se abrem
E bocas com fome se calam
Grigori Rasputin viaja pela minha cabeça
Recheada que afirmava em sua vaga de profeta
Que não haveria um quilo de ouro
Que comprasse um quilo de farinha...
Vejo que os animais estão todos
Abatidos pela engorda, leites
Com antibióticos, hormônios
Recombinantes, galinhas inchadas
Só pra citar alguns...
E a marcha desenfreada pro
Consumismo desumano e seus angus
Os homens estão se devorando nus
É cobra engolindo cobra
Com sobras de urubus
Compomos uma orquestra macabra
Nesta decomposição.