Fênix morta...
Sorrisos molhados de lágrimas
Não é tristeza...
Passa longe de ser dor
É uma emoção vazia e observadora
Que invade meus recantos...
Espalha-se com hera
Nos muros de minha existência
Sinto-me invadida pela solidão...
Não a solidão própria da desilusão
Mas a solidão dos hemisférios desabitados mesmos...
Por natureza inóspitos.
Sinto-me desterrada de emoções.
Sofrendo a falta de lágrimas ou risos...
E minha essência é a paixão...
Ao menos foi um dia!
Estranha num ninho que é meu
Como ave temporã
Imatura e pueril no sentir-me, nua,
Sem de fato ser revelada minha nudez
Já que minha forma está diforme
Solta num vácuo...
Vivendo das vidas que passam...
Alimentando-me das sensações alheias
É tão enorme o vazio da minha alma...
Nunca tinha deixado de amar.
A sensação de estar amando
Sempre pulsava dentro de...Em mim
Eu era toda amor!
E ser amor, me fazia trazer nos olhos o êxtase da vida...
Essa minha alegria eu dividia
Como também dividia meus sonhos.
Sinto-me meio sereia... Nereida encantada
Que no momento só enfeitiça os mortos
E tem como companhia, destroços
Dos muitos navios que se esfacelaram em minhas águas.
Sobreviventes? nenhum...
Pois que minha atmosfera não permite a vida
Meus mares não oxigenam outros pulmões...
Só guerras...Única que sou
Espécime em extinção!
Sinto falta da emoção do amor.
Meu corpo não arde mais em vibração...
Com outro corpo,
Meu instinto lascivo jaz morto...
Sobrou em mim
Só nostálgicas lembranças
De uma mulher esculpida em fogo
Que só podia ser contida
Por muitos beijos!
Apagou-se a chama,
Morreu minha fênix!