Ziguezagueando
O vento soprava as folhas
que ziguezagueavam em balé
infindo e rodopiavam ao som
de uma valsa vienense.
O tempo ziguezagueava meus
pensamentos e trazia em redemoinho
um turbilhão de lembranças.
Ora boas, ora ruins.
O vento é cúmplice do tempo.
As lembranças suas prisioneiras.
Eu não. Contemplo o futuro.
É para lá que vou.
Voando nas asas da águia,
navegando em calmaria.
Caminhando florida trilha
livrei-me dos ventos rasteiros.
Libertei-me do que sentia por ti.
Tórrida paixão inconseqüente
Sem eco, sem ressonância.
Surdo que batia fora do compasso.
Hoje sou guerreiro que encontrou repouso.
Cansado de tantas aventuras,
buscas e entregas.
Um ente caminhante, tão somente.
Eu quero é andar ereto.
Fio reto. Alma contrita.
Passos longos do caminho estreito
na direção certa.
Pena que sendo tantas as boas lembranças,
ainda insista o meu amigo tempo
em trazer-me à mente, aquelas
que não mais queria lembrar.
Poesia publicada no livro "Horas Verdes" - 2009