Nada existe em vão?
O lagarto na pedra esperava
Alfama, no sol a areia em lava
A tudo no mundo alheio
Só a pedra lhe sobrava em cheio
Incerto se fazia naquele deserto
Asilo, onde nada havia por perto
Só espanto, a areia e o encanto
E, no nada, procurava por um canto
Lá, só o vento, de canto renitente
A teimosia fazia dele um insolente
Fazendo da sinfonia uma miragem
A socorrer a quem tivesse coragem
O lagarto, inerte na paisagem vazia
Por quanto tempo ele ali existia?
Fixo, firme, um questionamento
É um detalhe na tela do firmamento?