Nada existe em vão?

O lagarto na pedra esperava

Alfama, no sol a areia em lava

A tudo no mundo alheio

Só a pedra lhe sobrava em cheio

Incerto se fazia naquele deserto

Asilo, onde nada havia por perto

Só espanto, a areia e o encanto

E, no nada, procurava por um canto

Lá, só o vento, de canto renitente

A teimosia fazia dele um insolente

Fazendo da sinfonia uma miragem

A socorrer a quem tivesse coragem

O lagarto, inerte na paisagem vazia

Por quanto tempo ele ali existia?

Fixo, firme, um questionamento

É um detalhe na tela do firmamento?

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 26/04/2011
Reeditado em 26/04/2011
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