FORASTEIRO! (Poesia/desagravo)

FORASTEIRO!

Nunca me senti tão elogiado,

(elogiado sobretudo por ter vindo de quem veio!)

Apesar de ter sido assim chamado,

Como se fosse um xingamento!

Isto me permitiu uma reflexão

Num bom momento... a do meu

excelente aproveitamento...

Não foi a primeira vez, (juro que não!)

Todos os lugares onde,

Trabalhando passei,

Fui assim adjetivado!

Mas jamais me irritei...

Oh, sinto muito ter-lhe incomodado!...

(O seu incômodo, faz-me inda mais, valorizado.)

Quando me chamam, destarte, forasteiro,

Sinto-me cidadão do mundo, verdadeiro!

Penso no Papa, que é alemão e serve a todo cristão

E vive no Vaticano a distribuir benção!...

Como o pároco que não é filho deste lugar,

E o Bispo, um exemplar senhor estrangeiro,

Pronúncia carregada, mas, muito simpático...

Será que algum dos seus servos ou algum desafeto,

Quiçá doutra religião, já lhe chamou assim, de forasteiro?

Forasteiro, nome bonito, sonoro e forte!

Pedro Álvares Cabral também, que por sorte

Descobriu o Brasil para tantos outros forasteiros:

Portugueses, africanos, gente do mundo inteiro...

Que ajudou e ajuda a construir um Brasil tão faceiro.

O que seria de nós, baianos e brasileiros,

Não fôssemos miscigenados pelos forasteiros?...

Ah, Muito bom lembrar certo senhor,

Um tal José Ferreira, vindo de bem distante

aqui chegou, deu início à nossa praça

Armou seu estande, fincou o estandarte

Com sua graça e muita arte, o Raso fundou

E, não por acaso, nossa Araci consolidou.

Pois, eu me orgulho de ser Forasteiro,

Já fui assim chamado em outros lugares

Que depois de me reconhecerem amiúde,

Outorgaram-me, em pares, títulos de cidadania...

E isso representa o grau de minha dignidade,

De minha mente com muita saúde,

A importância do meu comportamento,

A minha capacidade de transformar

Seres simples e em formação,

em verdadeiros cidadãos.

Quem assim me chama que dê prova do contrário,

Também, de que não é, um preconceituoso qualquer!

E com aquela doença dos cotovelos, que propicia a dor...

É de triste preconceito, daquele que não se redime,

Pois isso é discriminação e se processado, é crime!!!

Um fanático desautorizado pelo mundo, um pária

Sem educação, sem inteligência emocional, sem pátria...

Quer ao seu jeito, sem apoio de ninguém, retomar a Inquisição...

Aquele momento ridículo ocorrido desde a Idade Média

Ao qual até o Papa se redimiu e pediu perdão!

E esse tal fundamentalismo Cristão caótico

É atitude de um despótico que não sabe o que faz

Muito menos o diz, quis dar uma de valentão!

E quebrou sua própria cara, sem livrar o seu nariz!

Queria fazer a festa de Tiradentes ou de Cristo Jesus

Desejando-me enforcar, queimar-me na fogueira

ou crucificar-me, plena praça, na mesma cruz da encenação.

Vá trabalhar, vagabundo!

Por sua terra ou pelo mundo,

Pois a pátria de todos nós é o nosso planeta,

Sujeitinho beócio e marreta!!!

Saiba que muitas testemunhas assistiram esse ato

E posso lhe processar por toda essa via de fato.

(Fato ocorrido no dia 22/04/2011, plena celebração da Paixão de Cristo, na Sexta-feira Santa, eu estava a serviço de uma encenação chamada "O Desejado de Todas as Nações", como uma espécie de Supervisor de Direção, realizada por jovens da Igreja Adventista do 7º Dia de Araci, quando um sujeito se dizendo católico veio a mim com palavras de "baixo calão", entre as quais, as mais brandas foram as que me chamavam preconceituosamente de, irresponsável e forasteiro. Irresponsável, por que? A um ano atrás eu realizara com jovens da Igreja Católica, uma encenação similar que fora aplaudida por todos, independentemente de segmento religioso, e afirmo que, mesmo sendo eu católico, embora não praticante, mas de coração, porém, como profissional, eu faria qualquer trabalho teatral independente de religião, filosofia ou ideologia. O caldo não engrossou dele pra mim, porque eu me mantive calmo, tentando explicar que estava numa atitude profissional como teatrólogo que eu sou e com reconhecimento da imprensa de Salvador, logo da Bahia.

Acredito que esta foi uma atitude individual desse senhor sem qualquer apoio de quem quer que seja, autoridade religiosa ou não, afinal, mantenho uma excelente relação de respeito a todos de todas as vertentes religiosas aqui, ali, acolá ou alhures, mas, nesse momento eu quero socializar isto que fui obrigado a passar pela irresponsabilidade de uma pessoa truculenta, que parece nunca haver compreendido aquilo que o nosso Mestre ensinou e deixa como exemplo: a sua própria vida e sua morte para nos salvar, decretando definitivamente o AMOR com base na fraternidade universal).

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 26/04/2011
Reeditado em 10/05/2011
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