ACREAMOR
limões de prata maiores
que bolas de golfe
de bilhar
de brilhar
de tanto brilhar
te fazem esquecer da violência que te parte a língua
maiores que laranjas amargas
seletas
prediletas
quase secretas
te envolvem em ácida lascívia e te deixam à míngua
limões de prata piores
que figos-da-índia
que pequis afiados
apanhados
bem roubados
à sombra de uma frondosa criatura ambígua
que te lança limões de prata melhores
a cada sol novo que te seca a boca
azedando tua saliva espessa
ungindo tua cabeça
tua funesta condessa
tua desgraça contígua
teus limões de prata
maiores que as patas
sim, que as patas
de um elefante em fúria