NOVA ORDEM
NOVA ORDEM
Elane Tomich
Há uma gente simples de uma cor morena
que doura a vida e apimenta o fardo.
Saga do dia a enfrentar serena
em nova cor de codinome, pardo.
Há uma gente que faz refogado
com alho cebola e ora pró nobis
dança do angu saltando em dourado
do forno à lenha aos talheres nobres.
Uma gente branca, lá de não sei onde
buscando o negro e adjacentes
numa aquarela onde se esconde
a longa história de novas nascentes.
Neo- geografia de águas e gentes
e a economia sob um colchão
que após resgate de tantas enchentes
rabisca em lágrimas seu novo chão.
Há um gingado novo no universo
sob a vigília de olhos negros puros
há um descuido que provoca o verso
e a ironia vigiando o escuro
Há um nova ordem que se instala
com o mundo atrás do cruzeiro do sul
Uma alegria que espera e se cala
para explodir em breve maio azul.
Há uma gente atrás dos bastidores
pintando a pele com a cor da demora.
Lavando em fonte de suor suas dores
neste depois avesso de agora.
Há uma gente que pintou o verde
e coloriu-se em tons de futuro
Há uma gente a descansar na rede
cravando os dentes no fruto maduro.