(((::::SAUDADES ROXAS::::)))

Diante das rosas, a silhueta, o perfil marcado cruamente pela luz,

as mãos claras no colo, do brilho das cabeleiras soltas, mas juvenis

Brisas e vapores estendem-se desde o mar até às margens floridas.

Lembro-me do som dos teus passos, uma respiração apressada,

ou um princípio de lágrimas, ...E ainda hoje me acompanha

essa doente sensação que me deixaste como amada recordação.

E em tudo vi sorrir o amor, soberbo como um sol, sereno como um vôo.

E ondulava o matiz das leves borboletas. E nosso romance escrito num desterro, com beijos sem ruído em noites sem luar,

Fizeram-mo reler, mais tristes que um enterro,

os beijos que não lhe dei às horas sonolentas,

como o mar leva no dorso exposto aos vendavais...Ah! Nunca mais virá, meu lírio, nunca mais! Falou-me tudo, do nosso amor, que uniu as almas de dois; No ninho de afeições criado para ti. Por entre o riso claro, e as nuvens que esbocei, dum tempo que soltava as notas inspiradas, e tinha tão impressa o cunho da saudade, que formei das suas ilusões.

Agoniza o Sol gostosa e lentamente, veste de tristeza esta paixão

Esta doença enfim, que a morte há de curar. No jardim duas saudades roxas deixarei:a do amor que doei e a dos beijos que não lhe dei.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 25/04/2011
Reeditado em 25/04/2011
Código do texto: T2930360
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