Transeunte

A ponte estava vazia.

Ninguém a passar por ela

naquela noite fria.

O reflexo das luzes

no chão molhado

espelhavam a solidão.

A vida está vazia.

Ninguém passou por ela

em qualquer noite ou dia.

Não há luzes.

Marcas não se vê.

Nenhuma pegada no coração

que insistentemente está a bater.

Fechara-se para a vida.

Cerrara todos os compartimentos,

para que não fosse levado

por quaisquer sentimentos.

Não partilhara as angustias

nem quisera saber onde a

dor do outro doía.

Pobre homem. Mero transeunte.

Só lhe restara a noite fria

e aquela ponte vazia

que tinha que atravessar.

Poesia publicada no livro "Horas Verdes" - 2009