As Horas
As horas são verdes.
Debruço-me sobre o tempo.
Há muito. Olhos abertos
contemplo o firmamento
que baila na superfície das
águas do rio.
Tenho o dia moroso
o amor em fantasia
a alegria dos risos em profusão
o desenhar do dia em
multicores visões.
Adoração.
As horas são maduras.
Tenho pressa.
Cruzo a praça
Busco as horas em agonia.
Em vão desfaço o laço que
me aprisiona.
O tempo escorre pelas mãos
e impotente sigo a caminhada.
Tento construir castelos
e moinhos de ventos se agigantam
numa vida tão fugaz.
Lúdica e etérea.
As horas são murchas.
Procuro abrigo.
As horas correm ao encontro
da relva do entardecer.
A fonte secou. As folhas caíram
e só restaram os escombros.
Murchas, as horas já não cantam.
O tempo tornou-se refúgio,
as madrugadas a companhia.
Sepulcral silêncio corrói
a noite fria em interminável
decomposição.
Em solidão aguardo
o retorno das horas verdes.
Tempo perene. Passagem
Amanhecer.
Poesia publicada no Livro "Horas Verdes". (2009)