Como se fosse

Como se Fosse

Era uma vez, eu estava viva;

Assim como as pedras roliças,

Que zanzam no leito dos riachos.

Era uma vez, eu estava viva;

E os sons e as cores me pertenciam;

E eu criava o mundo e os deuses;

E eu dormia,

E eu acordava.

Era uma vez, eu estava viva;

E amava a mulher que havia amado menina

Que havia amado com os olhos, com os ouvidos;

Com a boca, com a pele, com o sangue;

E, enfim, os ossos;

A alma?

Esta, dela já era há muito.

Era uma vez e eu estava viva

E tinha amigos, uns livros, um consultório na varanda da casa;

E amava, amava como os príncipes!

Os camponeses, os meninos, o Corcunda de Notre Dame;

Amava, amava e amava;

Como se fosse comer feijão,

Como se fosse perder o braço,

Amava mais do que eu...

Era uma vez, eu estava viva...

Mulher

Marise Cardoso Lomba
Enviado por Marise Cardoso Lomba em 30/06/2005
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