AS MÃOS DA MINHA MÃE

As mãos da minha mãe

Diante dos meus olhos

Mostram-me as cicatrizes

Que a vida esculpiu

As mães da minha mãe

Hoje gastas pelo tempo

Pelo tempo, de ser mãe

Sendo escrava desse tempo

As mãos da minha mãe

Acalentou o meu sono

Amenizando o cansaço

De um dia de criança

As mãos da minha mãe

Afagaram a minha face

Amenizando a dor

Pelas quedas do destino

As mães da minha mãe

Tornaram-se grandes

Amparando os meus sonhos

Quando tentei no céu chegar

As mãos da minha mãe

Sovaram minhas nádegas

Para que eu ressentisse

O valor da obediência

As mãos da minha mãe

Juntaram os meus sonhos

Quando na queda da desilusão

Não conseguir sustentar a fé

As mãos da minha mãe

Só ficavam quietas

Em posição de oração

Quando agradecia a Deus

As mães da minha mãe

Tremeram de medo

Quando o destino lhe disse.

Ele agora é meu

As mãos da minha mãe

Já não sovam mais o pão

Já não lava mais o chão

Já não mexem mais panelas

As mãos da minha mãe

Vivem firmem em orações

E com gestos de carinho

Entrelaça o seu terço

As mães da minha mãe

Abandonaram o trabalho

Ociosas só lhe restam

O terço em oração.

As mães da minha mãe

Hoje recebem o meu carinho

Com beijos e afagos

De um filho agradecido