(((::::DESERTOS ESTAMPADOS::::))))

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos largos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços...

A minha glória é esta: Não acompanhar ninguém!

Só vou por onde me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos redemoinhos de ventos,

arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o que não vejo, o longe e a miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide vós! Tendes estradas!

Eu tenho a minha escrita e loucura !

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

meus versos, essa ardente brancura.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou.

Por onde passa jamais voltou

Não sei para onde vou

Só sei que livre sou...!

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 24/04/2011
Código do texto: T2928773
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