DO CENTRO DO MEU MUNDO
Do centro do meu mundo
olhei.
Ainda era noite cerrada.
Havia uma janela
velha
já sem vidros
e do quarto-crescente
um sopro de luar entrava.
O meu mundo afinal
era um quarto imundo
a transpirar bafio,
tão arruinado e deserto
como eu.
Gritei
chamando as flores
e o Sol,
o mar
a música
os meus amores,
mas foi em vão.
Uma insónia cruel
me torturava
e me impedia de viver sonhando
o que acordado não vivia.
Leiria, Portugal