Aeroparto

AEROPARTO

Aquele pirulito caído da mão de quem sabia,

O quanto seu plano valia.

Sem revolta, fico olhando o doce perdido,

Sem viver tudo o que podia.

Marco meu vôo para penúltimo dia

(talvez prefira ir depois)

Chego ao aeroporto sozinha,

Só assim nascerei para mim.

Vou embarcar logo mais.

O aeroplano aterrissa.

Meus planos, eles não eram aéreos;

Neles, só via a vontade de um dia ser amado e amar,

Como quem chega cansado de suas buscas.

Enquanto espero para voar,

Vou sentindo o quanto sou só.

Como se a cada hora estivesse em um planeta diferente,

Com códigos diversos, até para os gestos.

O cheiro de combustível de verdade me enche de realismo,

Elevo meus pés num arco-reflexo,

Excluindo a terra de contato.

Eu marquei meu parto,

Trânsito de sentido único;

Não é como dizer “parto disso pr’aquilo”

Nada é tão fácil...

Serei o que houver nascido de mim

Parto sem dor

Partida, mas inteira.

Marise Cardoso Lomba
Enviado por Marise Cardoso Lomba em 30/06/2005
Código do texto: T29281