(((:::TERRA DO CHUVISCO:::)))
Chuvisco é um doce brasileiro, considerado típico da cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. É feito à base de ovos, e pode ser servido em calda ou cristalizado. Indispensável em festas em geral na cidade, o chuvisco tornou-se parte da tradição e identidade dos campistas.
Um doce conhecido nacionalmente e que foi durante muito tempo um dos cartões postais do município, mas ninguém lembra de sua origem. Sabe-se apenas que a sua receita foi passada através de inúmeras gerações de mãe para filha até chegar aos dias de hoje.
Ao tentar resgatar as tradições e os valores culturais de Campos dos Goytacazes( terra esta que me abraçou na adolescência), tentando voltar no tempo e traçar a história do município desde o Brasil-Colônia, passando pela Capitania Hereditária de São Tomé, até os dias de hoje.
Desde a história da exploração açucareira, dos seus casarios, passando pelos fatos significativos na vida do município, as pessoas que notadamente entraram para a história deste país, bem como aquelas que ficaram para sempre no folclore quotidiano regional, além das lendas e histórias fantasiosas, o chuvisco, é um dos segmentos que fazem parte do folclore do município. Pois cada cidade e região deste país se apresentam com um tipo de prato característico, diante das circunstâncias e abundâncias do local.
O chuvisco, que deu fama ao município, na verdade não foi criado aqui. Ele é um doce da culinária portuguesa, e foi trazido quando a Família Real Portuguesa foi obrigada a deixar aquele país, para refugiar-se no Brasil. Era o doce preferido de D. Pedro I. Mas os detalhes sobre o quotidiano da Família Real Portuguesa, bem como das suas preferências gastronômicas eram mantidos em segredo dentro do palácio, e quase nada vazava para a Côrte.
Até que um dia, Mulata Teixeira, uma das doceiras mais famosas de Campos, ganhou a receita de uma pessoa que viera do Rio de Janeiro, e após inúmeras tentativas conseguiu encontrar o ponto do doce que, posteriormente, foi ensinado e passado através das gerações, para outras mulheres da nossa terra.
Com o tempo, algumas mulheres dominaram o conhecimento do ponto ideal tanto da massa como da calda, e eram procuradas por diversas famílias que desejavam enormes quantidades deste doce, para saborearem após os almoços dominicais, ou nas grandes festas.
A partir daí, algumas doceiras ganharam fama, e por terem uma boa clientela, tiveram condições de abrir e expandir seus próprios negócios. As outras doceiras, que faziam apenas para agradar alguns clientes, mas não possuíam capital, se uniram e criaram, em 1989, a Cooperdoce, a única cooperativa de doceiras do Brasil, fundada apenas por mulheres, conforme consta no livro de cooperativas. E o seu prédio é ponto turístico de gastronomia em diversos guias, como o Guia Quatro Rodas, da Editora Abril Cultural.
Com a chegada de um campista, Anthony Garotinho ao Palácio Guanabara, o chuvisco ganhou uma projeção muito maior na mídia brasileira, principalmente quando começaram a aparecer diversos escândalos de subornos e golpes financeiros contra os cofres públicos do Estado do Rio de Janeiro. Seus assessores, e principais envolvidos nos escândalos foram batizados de “Turma do Chuvisco”, ou “República do Chuvisco”.
O chuvisco, que também é conhecido como “pingo de ouro”, a ambrosia, o papo de anjo e os fios de ovos, são doces produzidos com o mesmo tipo de receita, e também são originários de Portugal.
A respeito das variedades deste doce, temos:
* o chuvisco cristalizado,
* em calda com nozes,
* em calda com passas,
* chuvisco caramelado,
* chuvisco com calda de chocolate,
* os chuviscos cristalizados coloridos.
Neste texto é possível perceber uma ponta de orgulho e de tristeza. Orgulho, pelo fato de Campos ter uma indústria pioneira, criada por mulheres e doceiras, que fazem parte de um contexto histórico, folclórico e turístico da cidade. Tristeza, em relação as pessoas públicas que deveriam zelar pelo patrimônio histórico, cultural, folclórico e econômico da cidade. Pois a falta de incentivos fiscais e projetos a avicultura irá certamente dificultar a industrialização adequada do chuvisco.
Campos é uma cidade rica culturalmente, principalmente pela sua importância em relação a história econômica do país. Um município que pode contar a sua história através da fachada dos principais prédios e edifícios, é uma cidade que têm todas as condições de ser uma atração turística, tanto para os turistas brasileiros como para os estrangeiros.
A cidade é cortada ao meio por uma das principais rodovias do país, portanto é passagem de um número incontável de pessoas que diariamente cortam o município com destino tanto a capital do Estado, Rio de Janeiro, e ao sul do país, como também para o Espírito Santo, e norte do país.
Falta aos homens públicos desta cidade, mudarem o rumo de sua história. Procurando organizar, criar, incentivar e desenvolver a indústria do turismo na cidade, fazendo parcerias e dotando pessoas, jovens e adultos a resgatarem os valores tradicionais, folclóricos e culturais da cidade. Pois o principal, já está no âmago de cada um dos campistas, a arte de receber bem o turista.
É preciso e necessário, que haja todo um compromisso da sociedade campista, para preservar a riqueza histórica, cultural, gastronômica e folclórica de Campos, e assim certamente ainda poderemos saborear e deliciar-nos com o nobre paladar do chuvisco.