COCO
Teus riscos e rabiscos
Densos e tenros
Revelação silenciosa
Retalhos de ti.
Sua haste com anelos marrons e crespos
Ponte permanente, descrente
Entre ti, o universo e a raiz.
Curiosa, passeio em sua casca rígida.
Que sutilmente exige o corte.
Com o coração acerelado e mãos frias
Faço a pequena incisão cirúrgica
Com o sorriso dos incautos
Provo tua água doce e cristalina
Me abasteço
No afã de saciar minha sede
Nem me importei com às vezes
Que tua água parecia insossa
Hoje, com olhos de lupa
Observo silenciosamente tuas entranhas
E descubro sorridente a permanência de fibras
Entre a casca amarela, a carne tenra e a água pura.
Marcas do tempo que me levam a ti.