Incompletudes
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Esse é o nosso grande e falível mal:
vemos as pessoas, todas elas, aos pedaços.
Seríamos unicamente retalhos de gente?
Mas se não somos pedaços,
haveria outra metade num todo indecente?
Meio mais meio ainda é quase um...
Um e um pedaço é mais que um;
E dos pedaços, por que alguns chocam?
Por que falar de boca não agride?
Por que mãos criminosas usam esmaltes?
Há tantos idiotas em closes nos debates
que o fim da sociedade me aflige!
São as mãos que negociam as falcatruas;
são as bocas que proferem as maldições...
e com a boca a gente morde, fere e cospe!
Agora sim, surgiu o nojo pelo ato de cuspir.
Seríamos apenas isso mesmo, excreções?
Se somos maus, se somos pérfidas maldições;
também somos bons em demasia, aos borbotões!
São as mãos sujas que trocam o vil dinheiro...
E a grana ofusca ou reluz a beleza: a parte pelo inteiro.
Ah! Como as cifras me tornariam bom e belo!
Ergueriam para mim qualquer imaginário castelo;
e nele, soltariam flores em nome da minha beleza.
Ser humano é isso – é sentir dos pobres a realeza
que somente uma boa gorjeta propicia aos montões!
E depois você fala que é completo, que é perfeito?
Somos apenas a máquina e o defeito.
Crato-CE, 23 de abril de 2011.
13h43min