Incompletudes

.:.

Esse é o nosso grande e falível mal:

vemos as pessoas, todas elas, aos pedaços.

Seríamos unicamente retalhos de gente?

Mas se não somos pedaços,

haveria outra metade num todo indecente?

Meio mais meio ainda é quase um...

Um e um pedaço é mais que um;

E dos pedaços, por que alguns chocam?

Por que falar de boca não agride?

Por que mãos criminosas usam esmaltes?

Há tantos idiotas em closes nos debates

que o fim da sociedade me aflige!

São as mãos que negociam as falcatruas;

são as bocas que proferem as maldições...

e com a boca a gente morde, fere e cospe!

Agora sim, surgiu o nojo pelo ato de cuspir.

Seríamos apenas isso mesmo, excreções?

Se somos maus, se somos pérfidas maldições;

também somos bons em demasia, aos borbotões!

São as mãos sujas que trocam o vil dinheiro...

E a grana ofusca ou reluz a beleza: a parte pelo inteiro.

Ah! Como as cifras me tornariam bom e belo!

Ergueriam para mim qualquer imaginário castelo;

e nele, soltariam flores em nome da minha beleza.

Ser humano é isso – é sentir dos pobres a realeza

que somente uma boa gorjeta propicia aos montões!

E depois você fala que é completo, que é perfeito?

Somos apenas a máquina e o defeito.

Crato-CE, 23 de abril de 2011.

13h43min

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 23/04/2011
Reeditado em 24/04/2011
Código do texto: T2926294
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