Simplesmente saudade...
Sonhos fragmentados, névoas perambulando pelos arredores
e o dia escurecendo aos poucos pelo pôr-do-sol.
A penumbra, como gigantesca mão talhada em nuances de bronze,
desce atrás de horizontes nos confins do céu e,
entre os pássaros silenciosos,
vapores encobrem espaços do mundo,
fundindo-se em uma única e imensa imagem.
Múltiplas sombras, como fantasmas unidos,
sobressaem-se nas linhas infindáveis da escuridão,
acolhendo a noite e aguardando a aragem fria que antecede o amanhecer.
Passos curtos, sem destino, marcam a espera do dia
que morre pelo que vai nascer.
Onde as emoções e todas as ilusões enviadas para um encontro?
Espiando dunas que se movimentam imperceptivelmente,
disfarçando ventos para trocarem de lugar
ou embaladas pelas espumas que o mar deposita
aos pés de mais um luar enamorado?
Forças indomáveis emergem de visões inesperadas,
torres imaginárias adquirindo estranhas formas
e a coragem do pensamento voando em direção ao sol,
querendo interceptar seus últimos raios dourados
e banhar-se na luz que consegue imitar a vida,
vencendo a distância entre o que está tão só.
E no encontro do olhar ao infinito que se estende,
marcando a despedida e as lembranças da face querida, embalam-se incontáveis ondas de ternura,
aconchegando a alma em rastros de saudade,
dolorosa e lentamente, invadindo o entardecer.(IDA)