HORA CERTA

Quando é a hora certa?

quando é que o calo aperta

e a mão entorta o gesto?

A hora em que me dirás

o que sempre soube

saber que nada me coube

a não ser esta palavra

que se furta como inimiga

e tão cruel me avisa

que ainda haverá vida

e de algum modo

ou jeito será vivida

que o até agora não era

ou era

o que era enfim?

Quando a hora certa chegar

que de certa só a palavra dita

eu serei uma flor morta

uma alma maldita

e nenhuma verdade poderá

mais tornar à vida

o que foi condenado

ao degredo

o que foi relegado

para um tempo

de conveniência vazia

esta hora certa fictícia

subrepticia

é o engodo que me encravas

na pele

para que eu rasteje ainda

e tua covardia se veja livre

de incômodos acertos

até que nenhuma hora mais

exista que me diga respeito

e me dirás, ah, com efeito...

isso foi há tanto tempo...

O que queres com tantos ais?

Denyria
Enviado por Denyria em 21/04/2011
Código do texto: T2923021
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