Uma flor para uma sepultura

A carga que carrega

Se mistura a lama que pisa

E o pão que morde

Está molhado com a água da chuva

O sorriso tão fraco

Ainda insiste

As lembranças

Fizeram secar as lágrimas

Luzes são sempre escuras

O sol não oferece mais energia

E o mar é tão longe

Queria olhar satisfeito

Falar e andar de outro jeito

Pisar em um lugar verde

Morando em um esconderijo

Se saber porque

Aos seus não tem mais nada

E dos seus

Ouve os sussuros

Por que?

Como ainda está aqui

Os que olham se espantam

Se comovem

Pensam até que sentem

Mas não sentem

Não sabem

Andando continua

Quem sabe amanhã

Ou um dia

O jogo muda

A vida vira

Volta a ser homem

Ser gente

Pai, marido, irmão, filho

Será que terá tempo

Ou vai morrer sem ninguém notar

Mais um cadáver

Enterrrado com um número qualquer

Enfim se pergunta

Teria uma flor em sua sepultura?

Leila Sales Rosolem
Enviado por Leila Sales Rosolem em 21/04/2011
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