Uma flor para uma sepultura
A carga que carrega
Se mistura a lama que pisa
E o pão que morde
Está molhado com a água da chuva
O sorriso tão fraco
Ainda insiste
As lembranças
Fizeram secar as lágrimas
Luzes são sempre escuras
O sol não oferece mais energia
E o mar é tão longe
Queria olhar satisfeito
Falar e andar de outro jeito
Pisar em um lugar verde
Morando em um esconderijo
Se saber porque
Aos seus não tem mais nada
E dos seus
Ouve os sussuros
Por que?
Como ainda está aqui
Os que olham se espantam
Se comovem
Pensam até que sentem
Mas não sentem
Não sabem
Andando continua
Quem sabe amanhã
Ou um dia
O jogo muda
A vida vira
Volta a ser homem
Ser gente
Pai, marido, irmão, filho
Será que terá tempo
Ou vai morrer sem ninguém notar
Mais um cadáver
Enterrrado com um número qualquer
Enfim se pergunta
Teria uma flor em sua sepultura?