A Torre de Prata
Ergue-te além bruma
Voa num solo de longas canções
De nossa memória, lembrança suma,
Que vives aquém de vãs libações
Surge em tua beleza Argenta
Na noite que fulgura
Sobre escuma florestal murmura
Enlevando a alma que acalenta
Na mais pura flama de teu apogeu
Destilou-se o fel da hipocrisia
“Os mundos” num pranto estremeceu
Ante a vermicular apraxia
Mas o erigir de legiões primeiras
No devir se vêm arruinadas
A nossa luz sideral das madrugadas
Vê-se forte em imemoriais bandeiras
As juras em rubras lágrimas
Num brilho saturnal ostenta
Segredos, prantos e lástimas
De aurora jamais tão sangrenta
Embora da dor foste nutrida,
És a Diva mais augusta e viril
Que nunca serás ferida em ardil
Esta Babel dos sonhos trazida
Sinto nas fibras tua luz ascendente...
Ecoas no etéreo canto das lendas
És a última das nobres sendas
Onde da fonte a magia é nascente!
Um é para os poetas
Outro para os libertinos
Estes dois para os guerreiros
Depois para os sábios
E os últimos aos primeiros...
(2007 - Ordem de Hermes)