NÃO TEMPLO! MINHA VIDA VAGA

Não templo! Minha vida vaga.

Vaga no que não fui. No que sou.

Vaga numa brecha como quem ressuscita e enterra.

Não templo! Minha vida vaga.

Numa cidade torta e estranha,

Vejo poucas ruas,

Um rio triste,

Um menino pastando bodes

E outro juntando areia.

Não templo! Minha vida vaga.

Nessa torta e estranha cidade, minha cidade.

As poucas ruas, as que sempre ando, triste e sem zelo.

Só não sei se são as ruas ou “eu”!

Triste e sem zelo...

O rio inda corre,

E os meninos,

Ainda bem, são meninos!

Não templo! Minha vida vaga.

E eu vago...

Nunca mas voltei em casa,

Nem Ninha, nem cara de sapo,

A um tempo vago.

Não cheguei, mas em salgadinho...

Como ninha,

Só Severino, agora é só Severino.

Esse não foi criando em salgadinho,

Esse é do mundo,

Esse tem a boca seca e os olhos tristes.

E quer esquecer os anos,

Embora...

A dor que não é vaga,

E é bem maior em salgadinho,

Ele esteja manco,

Ele só quer ir ao rio,

Pastar os bodes e juntar areia!

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 20/04/2011
Código do texto: T2921390
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