NÃO TEMPLO! MINHA VIDA VAGA
Não templo! Minha vida vaga.
Vaga no que não fui. No que sou.
Vaga numa brecha como quem ressuscita e enterra.
Não templo! Minha vida vaga.
Numa cidade torta e estranha,
Vejo poucas ruas,
Um rio triste,
Um menino pastando bodes
E outro juntando areia.
Não templo! Minha vida vaga.
Nessa torta e estranha cidade, minha cidade.
As poucas ruas, as que sempre ando, triste e sem zelo.
Só não sei se são as ruas ou “eu”!
Triste e sem zelo...
O rio inda corre,
E os meninos,
Ainda bem, são meninos!
Não templo! Minha vida vaga.
E eu vago...
Nunca mas voltei em casa,
Nem Ninha, nem cara de sapo,
A um tempo vago.
Não cheguei, mas em salgadinho...
Como ninha,
Só Severino, agora é só Severino.
Esse não foi criando em salgadinho,
Esse é do mundo,
Esse tem a boca seca e os olhos tristes.
E quer esquecer os anos,
Embora...
A dor que não é vaga,
E é bem maior em salgadinho,
Ele esteja manco,
Ele só quer ir ao rio,
Pastar os bodes e juntar areia!