ÚLTIMAS LUZES

Não durmo e a noite fala comigo no vento

Na luz difusa dos postes longos e curvados

Como cabeças cansadas com seus olhos baixos

Perscrutando a solidão dos automóveis.

Os carros zunem grávidos de pessoas que se vão

Sem saber que eu estou aqui, toda noite

Velando seus corpos de mortos-vivos.

Elas passam e sorriem, choram ou fecham os vidros

No ar condicionado sob os acordes da noite

Que costumava ser minha.

Eu estou aqui e os vejo pela madrugada

Incessantes, uns atrás dos outros

Cegos!

Não me atropelem em seus voos solos

Não destruam meu corpo estendido sobre o asfalto liso

Não afoguem minha noite em seus faróis

Quero ver a luz da Lua, quero a noite escura e silenciosa

Da minha infância quando era criança e ria.

Iama K
Enviado por Iama K em 20/04/2011
Código do texto: T2920448
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