Feliz Natal, soldado.

Por favor, não me julgue...

Você não estava lá!

Eu não tive escolha,

Minha mãe me controlava...

Eu vi o inferno!

Eu fiz a chacina!

Mesmo assim, não me julgue...

Eu era apenas um fantoche!

Um pobre fantoche...

Com linhas e uma arma...

... E puxam o meu gatilho

Uma salva de mortes...

Uma ressalva de misericórdia.

Olhei nos olhos, de quem matei.

Fizeram-me desumano

E por isso, você me julga?

E agora, eu estou vivo.

Um morto vivo...

Um pobre desalmado...

Buscando por redenção.

Eu ainda tremo...

O som dos fogos... Meu Deus!

O som dos tiros, que me voltam.

Os gritos, a multidão, os fogos...

Os fogos, os gritos, a multidão...

Um maldito vai-e-vem

De um pesadelo sem fim.

Já é meia-noite.

Vamos a ceia em fim.

Não há mais julgamentos...

Para mim, um velho soldado.

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 20/04/2011
Reeditado em 03/08/2020
Código do texto: T2920308
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