A CIDADE PRECISA DE PARTICIPAÇÃO

O que fazer nesta cidade

só busque a verdade

o que mais causa desonra, é a honra

falta mais que vergonha.

Temo a viver numa cidade que me exponha

por mais que a fama se exalta

numa cidade onde falta

Verdade, honra e vergonha.

Quem a pôs neste sacrócio, foi o negócio

quem a cansa de tal perdição, é a ambição

e a maior desta usura, é a loucura.

Notável marca nesta aventura

de jovens crenços ou ateus

que não sabem o que o povo já sofreu

com o negócio, a ambição e a loucura.

Quais são os teus sonhos mais profundos, vagabundos

e tem outra mais maciça que a preguiça

ou destes, tem mais afeição do que a acomodação.

Pode se dar ao diabo a razão

dá se ao diabo a gente asnal

que estima por cabedal

os vagabundos, a preguiça e a acomodação.

Quem faz o cidadão mesquinho é a humilhação

gestores que mantém nos aposentos, parecem sargentos

que usa os cidadãos como serviçais, até parecem oficiais

e que justiça é essa resguarda, bastarda

é grátis distribuída, mas vendida

que a todos assusta, mas injusta.

Valha nos o que custa

o que el rei nos deu de graça

do jeito que anda a justiça na praça

bastarda, vendida e injusta.

Com palavras disolutas

me concluo num entoar

que a vida do cidadão

irá melhorar, mudar

quando houver, verdade, justiça e participação

inspiração=poemas de Gregório de Matos, o Boca do Inferno (Bahia ,1682)

Aládio Dullius
Enviado por Aládio Dullius em 19/04/2011
Código do texto: T2917798
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.