A CIDADE PRECISA DE PARTICIPAÇÃO
O que fazer nesta cidade
só busque a verdade
o que mais causa desonra, é a honra
falta mais que vergonha.
Temo a viver numa cidade que me exponha
por mais que a fama se exalta
numa cidade onde falta
Verdade, honra e vergonha.
Quem a pôs neste sacrócio, foi o negócio
quem a cansa de tal perdição, é a ambição
e a maior desta usura, é a loucura.
Notável marca nesta aventura
de jovens crenços ou ateus
que não sabem o que o povo já sofreu
com o negócio, a ambição e a loucura.
Quais são os teus sonhos mais profundos, vagabundos
e tem outra mais maciça que a preguiça
ou destes, tem mais afeição do que a acomodação.
Pode se dar ao diabo a razão
dá se ao diabo a gente asnal
que estima por cabedal
os vagabundos, a preguiça e a acomodação.
Quem faz o cidadão mesquinho é a humilhação
gestores que mantém nos aposentos, parecem sargentos
que usa os cidadãos como serviçais, até parecem oficiais
e que justiça é essa resguarda, bastarda
é grátis distribuída, mas vendida
que a todos assusta, mas injusta.
Valha nos o que custa
o que el rei nos deu de graça
do jeito que anda a justiça na praça
bastarda, vendida e injusta.
Com palavras disolutas
me concluo num entoar
que a vida do cidadão
irá melhorar, mudar
quando houver, verdade, justiça e participação
inspiração=poemas de Gregório de Matos, o Boca do Inferno (Bahia ,1682)