((((::::ESTRADA DE FOGO::::))))

Para quais, caminhos - Me atrai?

Por qualquer lado que vá.

Na abstrata encruzilhada;

Para os lados, por cima ou por baixo

Eu sei bem que voltarei donde parto.

Pra quê? — Ao meio do lago, onde

Há muito tempo se esconde.

A fonte de amor eu tenho sede e fome

Pra quê, andanças sem Fim?

Se todo o sonho profundo

Morre no mundo

Não está nele, mas em mim!

Apaga-se, minha realidade. Morre

Como o rastilho do fogo,

Que de campo em campo aberto

Dobrava a chama, para uma respiração...

Sinto um vago receio prematuro.

Vou a medo na aresta do futuro,

Embebida em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro

Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Porque a dor, é só madrugada quando chora.

Em procura de quê, nem eu o sei.

Do bom dia que não mais, te saudei,

Que a jornada é maior indo sozinha

É longe, é muito longe, há muito espinho!

Eu descansei... Foi no entanto

Que choramos a dor de cada um...

E o vinho em que choraste era comum:

Tivemos que beber do mesmo pranto.

Cada um por seu lado!... Tu foste sozinho!

Eu sei que posso resistir à grande calma!...

Deixai-me chorar mais, pois é preciso!

E ter fé e tentar sonhar de encher a alma.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 19/04/2011
Reeditado em 19/04/2011
Código do texto: T2917470
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