Ventre

Sinto. Não preciso muito.

É como se feto fosse.

E tragando vagarosamente

o líquido que me alimenta,

crio tônus e rumo ao meu

arrebentamento.

Descubro. E a minha visão

sem máculas, sem trejeitos,

sem censura, queda-se ao

meu deslumbramento.

Frutifico. A cada gota

sorvida, a cada espaço

ocupado, movimento-me.

Ondulações insinuantes

de um ventre satisfeito

Retribuo. E viro nascente

que umedece e esparrama

toda gama de semente...

Êxtase do sentimento!

Ventre saciado,

acaricio o pássaro azul

que cantou tão docemente...